Tendência ou Oportunidade de Mercado?

Poucos são os estrategistas que têm coragem de dar vazão a estas "tendências" antes que todo o mundo perceba o tamanho de mercados considerados polêmicos, como o de homossexuais ou da 3a. idade.
Na mão certa, no entanto, vemos profissionais que se dão a esta coragem de sair aparentemente na contra-mão, mas ao meu ver, à frente de todo mundo.
A Revista V Magazine _www.vmagazine.com_ fez um ensaio fotográfico sensual e retratando um dos mercados que mais cresce no mundo, o de pessoas acima do peso, e este inclui os obesos. Aliás, não foi só um ensaio, foi matéria pra capa e pra revista toda.
Um mercado que no Brasil é de 1/3 da população, nos EUA 3/4 da população, é significativamente grande para que os estrategistas fechem os olhos. Pessoas acima do peso, tendem a se sentir desconfortáveis em restaurantes, boates, aviões. Certamente se sentem desconfortáveis para comprar roupas quando o assunto é moda e/ou caimento perfeito. Por isso, não consomem tudo o que poderiam consumir, por desconforto.
Veja a enorme oportunidade de mercado que existe, se pensarmos que no Brasil são mais de 80 milhões de pessoas acima do peso e nos EUA esse número sobe consideravelmente. Porque nós estrategistas de mercado fechamos os olhos para isto? Porque não queremos ver nossa marca associada? Mas nós sabemos muito bem dissociar isso se quisermos e ainda assim, atingir em cheio esse mercado, basta um pouco de competência e entendimento de marketing. A indústria da Dieta faz isso muito bem.
Não se trata de estimular a doença da obesidade, se trata de enxergar o mercado como ele é, e aproveitá-lo. Se algum dia as organizações de saúde mundial puderem conter essa marcha,pensaremos em outras estratégias e ainda assim haverá o mercado de ex-gordinhos. Por enquanto, me falem porque devemos desconsiderar esse público como um potecial mercado? Seremos nós diretores de marketing pouco visionários ou muito medrosos de romper com o status quo? E ainda mais perguntas (beeeem polêmicas): Não somos pagos para isso? Ou será que nossos empregadores não acreditam realmente na inovação? Será que marketing hoje, é somente uma profissão para analistas e não para visionários? Onde está o nosso conhecimento e ciência quando alguém do board de uma empresa nos diz que não quer a marca dele associada a velhos, gordos ou homossexuais? Onde ficamos nestas horas? Rasgamos nosso diploma e jogamos no lixo, ou unimos força e damos vazão ao nosso conhecimento? Nós somos pagos para quê?
Em tempo: os números de obesos e pessoas acima do peso, em ambos os casos não estão exatos.
Comentários
Como exemplo cito a revista Raça, que se diz voltada para o público negro, mas que o faz de uma maneira bem, bem plástica. Ignora o negro da periferia, o mulato, o moreno ou mesmo a moça branca que gosta da moda afro. Para a Raça, o único negro que existe é a Thais Araújo, Lazaro Ramos e todos os outros que compõe um casting de primeiro time na elite brasileira.
Os gordinhos são gordinhos e são de fato um público alvo. É uma questão de identidade: se uma empresa tratá-los como magros de ossos largos, certamente estará fadada ao fracasso. Mas se, entretanto, bater no peito e falar "gordinhos sim, mas com orgulho", certamente rumará ao sucesso. E, no caminho, ajudará a romper preconceitos e melhorar muitas vidas.
É mais fácil aceitar um possível preconceito e não expor sua marca com paradigmas da sociedade. Os corajosos e que sabem realmente aproveitar a oportunidade como bem disse Zela no outro comentário, saem na frente e tem um caminho de vitórias a percorrer.