Antifrágil.
Voltei.
Verifiquei minha última postagem e ela foi em 2008.
Acho que vivi numa realidade paralela todo este tempo.
2008. Ano que minha mãe foi diagnosticada com câncer e desde então coloquei minha vida "on hold", tentei achar uma palavra em português, mas o sinônimo que me veio à cabeça foi "stand by", então resolvi deixar a escrita mais fluida e escrever em inglês mesmo, me desculpem os puristas, enfim, acho que estou voltando desse planeta onde estava, onde eu não existia, e a escrita sempre foi a minha melhor maneira de me expressar, portanto volto às origens.Talvez o formato não seja mais o mesmo de 15 anos atrás, quando comecei tudo aqui, mas nada como experimentar primeiro para tirar as conclusões depois.
De qualquer forma queria entender o porquê de me expressar melhor com a palavra escrita, talvez porque eu consiga editá-las? Ou talvez porque exija de mim, após escrevê-las, exercitar a leitura com os olhos dos outros, então tenho o cuidado de entendê-las, antes de publicá-las. Nem sempre dá certo. ;)
Outro dia li um post fazendo pouco caso de quem fez curso de datilografia, pois bem, pra mim, mudou minha vida, eu não cato milho e isso me dá muita agilidade, só não consigo escrever com o mindinho, mas uso oito dedos e isso, pra quem gosta de escrever, é sensacional, dá fluidez para colocar as idéias no papel, neste caso, na tela.
Não voltei aqui pra falar sobre minha vida, mas como estou me reconectando com meu blog, acho interessante neste primeiro momento, pensar retrospectivamente porque não há nada melhor para aprender a montar uma estratégia do que a própria experiência, e se a gente não aprender com a experiência alheia, pode contar que a vida te ensinará "sine qua non", pelo amor até você deixar a casa dos pais ou pela dor, em todos os anos que se seguirão. Portanto, olhar pra trás é um exercício de aprendizagem, aproveita quem quer. A vida não é um plano onde tudo conseguirá ser controlado, aliás, você pode montar uma estratégia para o que quer e precisa, mas precisa estar moldado para tudo sair fora do planejado.
Digo moldado, porque isso é mais do que estar preparado, é preciso um caráter antifrágil, que é o tema deste post.
Aliás, você já leu Antifrágil do Nassim Nicholas Taleb? Se não leu, leia.
Acredito que não há nada mais atual do que este pensamento de Antifragilidade e acredito também que as melhores estratégias são aquelas que conseguiram ser antifrágeis.
A antifragilidade não é o frágil, porque o frágil se quebra, mas também não é o robusto (forte), porque o forte não evolui, e no final, deixa de existir em um mundo que clama por mudança numa velocidade impressionante. É um pouco do pensamento de fluidez do Zygmunt Bauman, mas isso podemos falar em outra ocasião.
É tanto assunto acumulado em 12 anos, que vou tentar ser mais focada em uma linha de raciocínio só.
Então volto a questão da Antifragilidade, que serve para os mercados financeiros, mas serve para tudo na vida, como qualquer pensamento filosófico, tudo se encaixa se houver sabedoria e boa vontade de entender.
Pois bem, apanhei forte da vida nestes 12 anos, minha empresa quebrou, minha mãe adoeceu e faleceu, meu cachorro que era meu companheiro diário e dava alívio para o stress pós-traumatico de um sequestro relâmpago morreu atropelado, terminei meu 2o casamento, mudei de carreira, meu pai declinou física e mentalmente, precisando de cuidados 24x7 e todo um esquema de atenção que exige muito da cabeça e do coração, porque ninguém gosta de ver o declínio daqueles que amamos e eram nossos alicerces.
Foi tanta porrada, tantos baixos e baixos, que quando veio a pandemia, e eu precisei ficar 5 meses sem trabalhar, eu já estava emocionalmente preparada para mudar tudo, DE NOVO.
Mas eu sobrevivi, e sobrevivi porque me desconstruí e construí tantas vezes que comecei a não ter mais pânico de nada. Hoje continuo trabalhando com estratégia, mas com estratégias de investimentos, e nesse mundo, é um universo que, ou você se torna antifrágil, ou você não vai conseguir entender nada.
Porque não há controle total sobre nada. Quem previu o 11/09? Quem previu o Covid? Quem previu o Trump, um cara que segundo o livro "FOGO e FURIA" ninguém acreditava que ia ganhar, nem a equipe da campanha dele? Pois é...
Então, se nada está certo, como planejar e viver de maneira leve?
Tenho algumas dicas:
1-Faça planos, sonhe, entre em ação, e não se apegue.
2- Sempre pense que tudo pode mudar, portanto tenha um plano B, e não se apegue.
3- Imagine, crie um futuro, monte estratégias, faça tudo como sempre fez, e não se apegue.
4- Acredite no poder da ação, e não se apegue.
Porque aprendi que quando você se apega aos resultados, quando dá errado, além de muito frustrante a sensação de incompetência, você quebra por dentro, e quando dá muito certo, mas não era o que você esperava, a tendência subconsciente é não aceitá-lo, porque não enxergamos como uma melhoria, e no afã do controle/apego, voltamos a estaca a zero.
Por fim.
Leia Antifrágil - Coisas que se beneficiam com o Caos - Nassim Nicholas Taleb
E seja bem-vindo ao novo Estrategista de Saia, continuamos acreditando em estratégias e agora, espero, estratégias com um tiquinho mais de sabedoria.
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